A premissa do livro Personal branding, de Arthur Bender, é que além da marca da empresa, ostentada em seu cartão de visitas, é preciso que você mesmo seja uma marca, represente um diferencial. Uma metáfora “farmacêutica” usada pelo autor é boa: ou você é o medicamento de marca, ou é o genérico, que fica escondido nas prateleiras internas, atrás do balcão, e que só é comprado por causa do preço baixo. A função do personal branding é estabelecer estratégias para consolidar essa marca, e aproximar a imagem de marca (que os outros lhe atribuem) à identidade de marca (que você mesmo se atribui), criando o que Tom Peters chamava de “a marca você”. Reduzir a dissonância cognitiva que nos vê de modo diferente que o público nos vê e a função do personal branding.
O primeiro passo é deixar claro qual é sua meta, seus objetivos, seus valores, seu diferencial: sem isso você não passa de um produto genérico, substituível por outro igual; sem isso você será um profissional à deriva, ou se sentirá órfão à medida que os outros progredirem na carreira e você não. Sem isso, em um mundo com excesso de informação, dificilmente uma marca se diferenciaria de outra. Só a diferença consistente importa, e é ela que é o que explica porque muitas vezes escolhemos um profissional mais caro que outro. E isso exige uma estratégia de longo prazo. Uma forma de conseguir poder para a marca pessoal é conquistando espaços vazios em organizações, empresas e no mercado em geral, mas não só: é preciso ser seletivo inclusive para se administrar o tempo livre para o crescimento pessoal. É preciso trabalhar de forma colaborativa pelo bem de todos (por isso uma característica das pessoas com sólida marca pessoal é que elas muitas vezes são menos remuneradas do que de fato valem). Além disso, ninguém pode ter uma marca consolidada Acho que o ponto alto do livro é o capítulo 8 (em que o autor estabelece uma estratégia para identificação da identidade – com perguntas como “O que lhe dá muito prazer?”, “Como você gosta de trabalhar?”, “De que forma (você gosta de trabalhar)?”, “Por que?” para se descobrir o DNA da marca pessoal) – talvez esse, juntamente com o capítulo 11 (em que estabelece 10 “leis” do marketing pessoal: 1 – O valor está na diferenças; 2 – Ser tudo é não ser nada; 3 – Cultive um defeito; 4 – Construa uma história; 5 – A imagem pessoal é apenas uma parte do processo; 6 – Entenda a lógica do seu mercado; 7 – Sinergia é vital em personal branding; 8 – Jamais subestime a audiências; 9 – Crie uma defesa como um porco espinho, que, diferentemente da raposa, que a cada dia tenta ataca-lo deum modo diferente, defende-se sempre do mesmo modo; e 10 – Faça alguma coisa da qual se orgulhe no futuro), sejam os mais úteis da obra. O capítulo 10 também tem alguma utilizada (pois mostra como o conceito de rede de contatos deve ser mais amplo do que geralmente se reconhece). Se o leitor quiser ler o livro mas estiver sem tempo, sugiro que se restrinja a esses três.
Eu esperava um livro com uma teoria consistente, com estratégias muito bem definidas. Não encontrei isso (na maioria das vezes, o livro é construído com obviedades) e às vezes dá conselhos tão frívolos quanto a importância de um Mercedes Benz para sua imagem (a ideia de prestígio – pode ser apenas um exemplo, acredito que não, mas, mesmo assim, é um exemplo infeliz). Atribuo nota 2 em 5 ao livro.
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