Um dos livros mais impressionantes que já li!

Em nossa arrogância, o homem produziu um mundo maravilhoso, que venceu a miséria, as feras, as doenças e um dia vencerá a morte e que produziu a ciência e sobretudo a técnica. Esse homem progressivamente tornou-se consciente de que era preciso preservar a natureza, conservá-la para as gerações futuras. Mas Ailton Krenak nos alerta para duas mentiras contidas nessa narrativa em seu novo livro, Ideias para adiar o fim do mundo. A primeira, é que o homem e a natureza seriam entes distintos, independentes até. A segunda, que podemos impedir o fim do mundo. A técnica, nossa criação, tem nos aproximado cada vez mais da nossa autodestruição, e na verdade estamos apenas adiando um fim que parece inevitável, pelo menos enquanto essa concepção do que é o homem e o que é a natureza for prevalente, que permite que a natureza seja instrumentalizada por nós, despersonificando-a, dessubjetivando-a, tratando-a como uma coisa.

Li poucos livros em minha vida tão lúcidos, belos, proféticos em sua denúncia e necessários como este, um livrinho que pode facilmente ser lido em uma hora, e que contém três textos deste grande pensador (que nos humilha, com nossos cursos superiores, títulos de doutores e cargos de professores universitários), que liderou grandes momentos da luta pelos direitos das populações originais do Brasil remanescentes (lembra-se dele jovem em 1988, deputado constituinte, pintando seu rosto com jenipapo na tribuna do Congresso Nacional, pintura típica dos períodos de guerra entre várias nações indígenas?).

Os dois primeiros textos foram conferências que realizou em Portugal em 2019 e 2017. O terceiro, a tra

nscrição de uma entrevista que serviu de base para um texto introdutório de um festival, também de 2017.

Compre pelo menos dois: uma para ler, e um para presentear!