Ao contrário do que pensam muitos pais e professores, o cérebro do adolescente
não é idêntico ao cérebro do adulto. A principal diferença é que, nesta fase, a substância branca de seu cérebro, responsável pela eficiência da comunicação entre as várias parte do cérebro, vai ser mielizada (recoberta por um lipídio branco, a mielina, que funciona como um isolante para os impulsos elétricos). O córtex frontal e pré-frontal, responsáveis pela avaliação de riscos, pelas decisões racionais e por parte do comportamento social são as últimas partes do cérebro a se desenvolverem. Ao mesmo tempo, durante essa fase, a amídala e o sistema límbico, responsáveis pelas emoções, são muito ativos. Daí boa parte dos perigos por que passa o adolescente, período da vida mais propenso a morte violenta.
Além disso, durante a adolescência ocorre algo estranho: uma poda de neurônios, havendo uma grande redução de seu número. Isso parece algo ruim, mas na verdade aumenta a eficiência das sinapses dos neurônios remanescentes, o que faz com que o cérebro do adolescente seja muito apto a aprender. Isso ocorre principalmente durante o sono, e por isso (além de o sono ser o período em que as sinapses são fixadas, proporcionando a potencialização de longo prazo) é importante que o adolescente durma muito.
Nessa idade a aprendizagem ocorre com a liberação muito intensa de dopamina, tornando-a prazerosamente. Mas há outras situações que também liberam dopamina, e por isso internet (que produz dopamina por meio de interações sociais), álcool, drogas e, por causa de sua disponibilidade, maconha podem ser muito danosas para esse cérebro em desenvolvimento (induzindo, inclusive, a comportamentos suicidas), produzindo vícios mais facilmente nessa idade.
Tudo isso, e mais alguns fenômenos neurológicos, explicam porque o adolescente é tão irascível, inconsequente e propenso a desenvolver vícios e, inclusive, a praticar crimes, sem conseguir avaliar corretamente a situação em que se encontra.
O livro traz algumas dicas para pais e educadores, que se baseiam não só na experiência científica da autora (professora de Neurologia na Universidade da Pensilvânia e, antes, de Harvard), mas também na sua experiência como mãe de dois filhos que conseguiram vencer os perigos da adolescência.
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